Apresentação

Paula Guerra e Lígia Dabul

ARQUIVOS, ESCALAS, MÉTODOS E SABERES EM CIÊNCIAS SOCIAIS

 

Artigos

SIMPLY LONGING FOR WILDERNESS. FICTIONS OF NATURE PRESERVATION IN WESTERN POP MUSIC

Thorsten Philipp

The individual and social longing for an intact and untouched nature is a core element of environmental crisis dynamics. To what extent is the reinvention of an authentic nature and of compatible lifestyles a theme of pop music? Can cultural production promote lacking communicative capacity to moderate environmental conflicts and sustainable living? This article reflects the societal dimension of pop music to examine its communicative potentials in processing the problem of environmental degradation and nature preservation. It is particularly the Western trope of wilderness, the idea of an unaltered, virgin nature, that deserves interest. With its origins in the 19th century land ethic, it still today offers an entry to renegotiate fictions, norms, dreams and futures of nature in times of major environmental destruction and apocalyptic disasters. The selected songs show recent attempts to reconcile wilderness and modern life, staging the colonialist narration of the Noble Savage – the Indian as a wise steward of nature. These and similar ideas of wilderness, indigenous knowledge and compatible lifestyles address the core postulate of sustainability for global and intergenerational justice. The analysis of textual and sound regimes not only offers a hybrid mirror of political communication on sustainable development through politainment; it additionally permits to discover latent structures of social systems by unveiling conflict dynamics which are mostly ignored in the public discourse.

A MÚSICA ELETRÓNICA AMBIENTAL: DA PROFUNDIDADE SONORA AOS IMAGINÁRIOS DA MENTE II

Frederico Dinis

Este artigo parte da definição para a música eletrónica ambiental, enquanto elemento indutor para a criação de um espaço para pensar, e apresenta um conjunto de autores e de trabalhos sonoros orientados para uma preocupação com o espaço. Estes autores são enquadrados desde as fundações da música eletrónica contemporânea, de meados do séc. XX e que têm por base trabalhos que revolucionaram a forma como a música eletrónica passou a ser vista, até à nova expansão da música eletrónica ambiental, com a aparição de novas sonoridades e de novos caminhos para este género musical a partir dos anos 2000, consolidando-o e estabilizando-o enquanto género musical. Mas a música eletrónica ambiental como género deve ser vista como uma sobreposição de informações, e não apenas como uma interação com um ambiente. Assim, defendemos que a ligação social da música eletrónica ambiental ao próprio ambiente e envolvente mudou ao longo da sua evolução enquanto género, tal como mudou essa envolvente, reforçando que o lugar hoje é um espaço pessoal, tal como a experiência de escuta associada à música eletrónica ambiental. A experienciação
atual da música eletrónica ambiental na conceção, ampliação ou descontinuidade de lugares, expressa por si só o desejo de exercer um agenciamento interno ou uma mediação com a própria envolvente, operando como uma reflexão do ‘eu’, recorrendo a sonoridades que movem a mente. Um ‘eu’ que inclui o mundo social em que se está imerso e uma representação de lugares figurativos.
 

SOBRE A IDEIA DA CONSCIÊNCIA IMPRESSA NO EMBODIMENT DO SOM. MAX RICHTER, GUSTAV MAHLER E ALFRED SCHNITTKE

Maria-Roxana Bischin

Este artigo releva a ideia de consciência impressa, baseada em pesquisas básicas no campo da fenomenologia.A premissa é que a música é uma substância criada a partir da infinita corporeidade sonora. Daí deriva a perspetiva de que a corporificação é algo que está impresso por detrás dos nossos julgamentos analíticos e percetivos. O embodiment deve ser visto como uma dinâmica com dois princípios: (a) o da criação da substância para-aconsciência e (b) a transferência da substância da percepção para o processo da temporalidade.
 

PERSPETIVAS SOBRE A MÚSICA CLÁSSICA BRASILEIRA E A INFLUÊNCIA DA INDÚSTRIA CULTURAL

Miqueias Felipe Costa Feitosa e André Dallálio

Este artigo aborda as implicações da Indústria cultural nas produções e divulgação da música clássica brasileira. Foi realizado entrevistas semiestruturadas com compositores e integrantes do universo da música clássica no Brasil. O objetivo desta pesquisa é compreender os impactos da Indústria Fonográfica a divulgaçãono Brasile explicações sociológicas a respeito. Entrelaçando as teorias sociológicas com as entrevistas realizadas, foi compreendido que a indústria cultural causa impactos negativos e positivos. No entanto, existem outros fatores sociais que interferem, como a educação.
 

POLÍTICAS DE MEMÓRIA EM IFIGÉNIA DE TIAGO RODRIGUES, POR ANNE THÉRON

Ana Cunha

O Teatro Nacional de São João do Porto recebeu, no início de 2023, o Festival Internacional de Espetáculos Finisterra, que abriu com Iphigénie, de Tiago Rodrigues, encenado por Anne Théron do Théâtre National de Strasbourg. A peça, que parte do original de Eurípides, repensa os aspetos clássico do teatro grego e oferece-nos uma profunda consideração sobre a importância da memória para as comunidades, o conflito entre memória coletiva e individual, a responsabilidade dos membros mais vulneráveis da sociedade em não permitir que o Poder apague/esqueça as barbáries cometidas e o determinismo social. Propomo-nos, nesse sentido, a fazer uma análise literária e sociológica da relevância da programação desta peça no cenário europeu atual.

 

RAP E MÚSICA DE INTERVENÇÃO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO RAP EM PORTUGAL

Miguel Vidal

Este artigo procura abordar o rap português na sua dimensão mais interventiva. Desenvolve-se assim a busca pela compreensão de como esta dimensão tão inerente ao desenvolvimento  do rap no contexto norte americano é aplicada e entendida, tendo em conta as especificidades do contexto português. Partindo da análise documental de artigos de dois dos jornais de referência portugueses, desenvolve-se a imagem da forma como os públicos interagem com a dimensão interventiva do rap e a forma como a interpretam. Procurando sempre compreender-se se esta parece ser influenciada principalmente pela própria história interventiva e reivindicativa do rap (e é vista como tal), ou se parece seguir o legado da “tradicional” música de intervenção portuguesa do pós 25 de abril.

 

Registos de PesquisaPARA ALÉM DO ESPACIAL: AS POTENCIALIDADES ARTÍSTICAS DA RELAÇÃO ENTRE A FRONTEIRA E A MEMÓRIA

André Araújo

Sob uma perspetiva multidisciplinar, os estudos da fronteira têm pensado o território para lá do espacial, integrando práticas artísticas que exploram o abstrato e o simbólico. Contudo, as principais tendências da border-arttêm vindo a refletir a propensão para intervenções performativas do território que desconsideram as possibilidades da exploração das dimensões temporais, focando-se sobretudo na reconfiguração do tangível. O presente texto propõe, através do acompanhamento das opções metodológicas para a criação de dois trabalhos artísticos do autor, enquadrados numa análise crítica dos principais artistas da border-art, refletir acerca das possibilidades estéticas que estão presentes no território fronteiriço quando encarado a partir das ramificações da memória e das temporalidades.
 

Recensões/Resenhas

A MÚSICA DE JOHN CAGE – JAMES PRITCHETT

André Quaresma