Apresentação

Paula Guerra 

QUANDO A ARTE É PODER E VIDA. PRÓLOGO SOCIOLÓGICO

 

Artigos

THIS IS WHERE I DRAW THE LINE: CREATIVE INTERVENTIONS ON PUBLIC MONUMENTS IN THE EAST OF EUROPE AND THE GLOBAL SOUTH

Voica Pușcașiu
In recent times, there has been a rise in debates surrounding public monuments, with narratives becoming increasingly contested. While the act of damnatio memoriae is not new, this study will focus on how contemporary art is introducing a more imaginative form of protest when it comes to statues. It is interesting to note that despite the differences in geography, political destiny, and cultural aspects, countries in the former Eastern Bloc and the Global South share similar attitudes towards unwanted art in public spaces. This article will compare relevant examples from both regions and explore questions regarding the legality of such practices, as well as why contemporary public art often falls short. Ultimately, the goal is to try to identify what lies ahead for both existing and forthcoming public art.
 

MUITO MAIS QUE UM GRITO. HISTÓRIA E LITERATURA NO COMBATE AO AUTORITARISMO

Cláudia Fontineles

O texto visa discutir a relação existente entre História e Literatura no combate ao autoritarismo, seja no Brasil ou no mundo, pois a obra literária “Os que bebem como os cães”, de autoria do escritor piauiense Francisco de Assis Almeida Brasil, publicada em 1975, não precisa em qual tempo ou território geográfico a trama ocorre. Ainda assim, o livro aborda questões referentes às mordaças geradas pelo autoritarismo, suas práticas de repressão e de silenciamento, assim como as formas de resistência a essas práticas. Escrito em uma temporalidade psicológica, incorpora e aborda questões fundamentais pertinentes ao contexto histórico de
sua produção: o Brasil que vivia sob uma ditadura civil-militar. Analisamos como a obra literária discute temas como violência, humilhação, liberdades individuais e sua supressão, que ameaçam a vida democrática e a dignidade humana, além de abordar o significado dessas questões para a história brasileira no recorte temporal em que foi escrita e publicada. Com isso, pretendemos discutir como a produção literária pode contribuir para refletir acerca da democracia e do autoritarismo em diferentes momentos históricos, mais especificamente, no tempo de sua produção. Para tanto, a pesquisa recorre à análise da referida obra, bem como os estudos historiográficos sobre o período ditatorial no Brasil, para entender as interfaces entre História e Literatura no combate ao autoritarismo.
 

A ARTE ECOLÓGICA EM PORTUGAL: ARTE ATIVISMO E POLÍTICAS CULTURAIS SOB A PERSPECTIVA DOS ESTUDOS CULTURAIS

Tatiana Lopes Vargas

Abordagens críticas sobre sustentabilidade ambiental são necessárias para evitar a mera reprodução de discursos políticos e institucionais (Krieg-Planque, 2010), e a arte pode ser uma forte aliada neste sentido. Artistas podem ser agentes de transformação para a sustentabilidade ambiental (Dieleman, 2008) e a arte
ecológica pode ser uma prática de resistência que estimula a colaboração e a interdisciplinaridade. Tendo os Estudos Culturais como principal base epistemológica, este estudo visa refletir sobre o contexto geral em que se apresenta a relação entre arte e sustentabilidade ambiental, em Portugal, com vistas a pensar nas tensões implicadas neste contexto. Para além de uma discussão teórica sobre arte ativista e arte ecológica, propõe-se
uma reflexão sobre o contexto das políticas culturais portuguesas ligadas ao ambiente. Foi realizada uma análise teórico-interpretativa, com uma orientação crítica e reflexiva, com base nas informações disponibilizadas pela Direção Geral das Artes sobre o tema. Com este estudo, espera-se contribuir para a reflexão sobre a identidade política da arte e a necessidade do setor cultural questionar as suas práticas e os contextos sob os quais se desenvolve a produção artística ambientalmente sustentável em Portugal.
 

MULHERES PINTADAS, REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO NAS PINTURAS DE TARSILA DO AMARAL

Bruna Tupiniquim Marques e Rafaela Santiago Lobo

Analisar representações sociais através de obras de arte exige sensibilidade artística e pragmatismo sociológico, para que não se reifique os objetos de pesquisa ou se caia em devaneios. Por isto, na pesquisa em questão buscamos compreender de que forma a representação da mulher foi realizada através das pinturas da artista por meio de base teórica e prática. Nos debruçamos sobre 20 obras de arte de Tarsila do Amaral com o intuito de interpretá-las e ao mesmo tempo nos conscientizarmos dos nossos limites enquanto pesquisadores. As pinturas, nos permitiram uma análise sócio artística acerca das representações de gênero nas composições plásticas realizadas por Tarsila. As diretrizes de análises norteadoras desta pesquisa são: objetivo geral – Investigar a representação de gênero nas pinturas de Tarsila do Amaral – De que forma é realizada representação de gênero nas pinturas de Tarsila do Amaral? – objetivos específicos – 1 De que forma a mulher negra é representada? – 2 De que forma a mulher indígena é representada? – 3 De que forma a mulher branca é representada.? – 4 Há representação da mulher através de forma não humana?
 

ALÉM DAS PASSAGENS: WALTER BENJAMIN, A MONTAGEM E AS IMAGENS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Lucas Maroto Moreira

O artigo busca articular a obra Passagens, de Walter Benjamin, e o método empreendido pelo autor, denominado “montagem”, à formulação de um campo epistemológico voltado ao uso de imagens na Antropologia. Revisitando o livro Passagens, organizado em torno de fragmentos textuais e imagéticos coletados por Benjamin ao longo de 13 anos, o presente texto busca enfatizar o princípio de uma forma de pensar por imagens, inspirada na montagem literária e cinematográfica, que se encontra na obra benjaminiana. Por conseguinte, aborda a emergência do paradigma da montagem de imagens, estáticas ou em movimento, na produção do pensamento. Por fim, associa o trabalho do(a) antropólogo(a) visual ao bricoleur, apontando para um campo de conhecimento imagético interdisciplinar, em contraponto à lógica textual-verbal na qual tradicionalmente se pautam as Ciências Sociais.

ESTOU ALÉM DO HOMEM COM H. A SUBVERSÃO DO PATRIARCADO ATRAVÉS DA ARTE BRASILEIRA E PORTUGUESA NO FINAL DO SÉCULO XX

Juliana Queires e Yatan Alves

No contexto desse trabalho, temos como propósito examinar e melhor compreender duas emblemáticas figuras da música brasileira e portuguesa: Ney Matogrosso e António Variações. Ambos os artistas desempenharam papéis significativos na contracultura e resistência durante as décadas 1970 e 1980.
As performances artísticas de ambos os artistas que, por vezes, foram consideradas exuberantes e até mesmo “exageradas”, representaram uma ruptura com a noção de masculinidade patriarcal predominante, tornandose uma fonte de inspiração e liberação para muitos outros artistas que os sucederam. O objetivo central deste estudo é apresentar as trajetórias artísticas desses artistas e, por meio de uma análise de caráter qualitativo, identificar as semelhanças e diferenças, destacando a relevância de Ney Matogrosso e António Variações como representantes da contracultura, do artivismo e da desconstrução de estereótipos de género em países marcados pelo conservadorismo e autoritarismo. No contexto brasileiro, Ney Matogrosso, com presença cênica única, visual exuberante e performances provocativas desafiaram os padrões estabelecidos, desconstruindo os estereótipos de masculinidade vigentes. António Variações, em Portugal, através de suas performances únicas e inovadoras, desafiou os padrões convencionais de masculinidade e promoveu uma abordagem artística disruptiva. Sua música e suas performances eram uma expressão genuína e original de sua interioridade, refletindo-se em seu modo de vestir, pintar e se apresentar no palco. Tanto Ney Matogrosso, quanto António Variações enfrentaram contextos políticos e sociais marcados pelo conservadorismo e pela repressão. Enquanto Ney viveu sob a ditadura empresarial-militar no Brasil, Variações testemunhou o fim do Estado Novo em Portugal e a redemocratização, pós 25 de Abril de 1974.

 

Registos de Pesquisa

DIRECTO E VERDADE O CINEMA

Jorge de Carvalho

O KINO-DOC, núcleo de cinema de cursos de documentário presenciais e online, apresentou mais um programa na Universidade do Porto. “Directo e Verdade o Cinema” reúne documentários que ajudam a perceber os conceitos gémeos Direct Cinema e CinéCinéma Véritéiados entre os anos 50 e 60 do século passado, quando a portabilidade audiovisual se impôs, e profetizados em filmes de épocas anteriores. Duas expressões éticas e filosóficas da relação do cinema com a realidade, em que esta se revela meramente pela observação (o cineasta como uma mosca na parede do cinema direto) ou, pelo contrário, essa revelação se cumpre pela intervenção de quem filma sobre o que filma (o cineasta como uma mosca na sopa do Vérité). Dois credos que se mantêm essenciais no entendimento do documentário contemporâneo.
 

EXPLORANDO O RITMO DA EXPRESSÃO. O DESENVOLVIMENTO COREOGRÁFICO DAS DANÇAS DE RUA

Inês Duarte

Na atmosfera das danças de rua, cada passo conta uma história única, e a expressão transcende as barreiras do convencional. Estes estilos de expressão artística proveem de uma cultura relevante na história das artes e uma história que transporta significado político e de luta pela liberdade de expressão. Desde o início da minha pesquisa e carreira, tenho estudado incessantemente a história e cultura dos estilos de dança de rua e aprofundando a conexão dos mesmos com as possibilidades criativas que nos trazem. Como bailarina profissional, tenho dedicado a minha carreira ao aprofundamento da linguagem do movimento, mergulhando nas técnicas de estilos como popping, hip-hop, locking, waacking, house, entre outros. Este registo é uma jornada pelo meu
desenvolvimento coreográfico, destacando como a musicalidade, texturas, qualidades de movimento, intensidade e respiração convergem para criar uma expressão autêntica dentro desses estilos dinâmicos e ecléticos.