Apresentação

Maria Lúcia Bueno, Marcelo Ribeiro Vasconcelos, Sabrina Parracho Sant’Anna

DEBATES ENTRE SOCIOLOGIA E HISTÓRIA DA ARTE. AMÉRICA DO SUL E BRASIL EM PERSPECTIVA

 

Artigos

COLEÇÕES DA VISCONDESSA DE CAVALCANTI. UM LEQUE DE AUTÓGRAFOS E A PRESENÇA DE PORTUGUESES

Maraliz de Castro Vieira Christo

O artigo apresenta alguns aspectos das coleções de Amélia Machado Cavalcanti (1852-1946), viscondessa de Cavalcanti a partir de 1888, presentes no acervo do Museu Mariano Procópio. Centramo-nos na coleção de 68 autógrafos de célebres escritores, artistas, músicos, atores, cientistas, exploradores e políticos de seu tempo, apostos em um leque, entre 1890 e 1945. Dada à sua amplitude, destacamos a presença dos portugueses: Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850-1923), Anthero de Quental (1842-1891), Eça de Queiroz (1845-1900), Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1895), Ramalho Ortigão (1836-1915), Alexandre de Serpa Pinto (1846-1900), Raphael Bordallo Pinheiro (1846-1905) e Arthur Napoleón (1843-1925).

O PERCURSO DA COLEÇÃO SPANUDIS. DO MUSEU DOMÉSTICO AO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA USP

Maria Izabel Branco Ribeiro

O psicanalista grego, poeta e crítico de arte Theon Spanudis chegou a São Paulo em 1950. Iniciou sua coleção de arte brasileira com Casas de Itanhaém, 1948 de Alfredo Volpi. Em 1979 doou para o Museu de Arte Contemporânea da USP 453 obras de arte, assinadas por 35 artistas, entre eles: Volpi, Sacilotto, Mira Schendell, José Antonio da Silva, Eleonore Koch e Rubem Valentim. A maior parte delas apresenta estrutura bem definida e tendência à bidimensionalidade, independente se figurativas ou abstratas. São exemplares do conceito de construtivismo formulado pelo proprietário. Em outras palavras, são obras de arte com organização formal e potencial fabulador, passíveis de apreensão intuitiva pelo observador e propiciadoras de experiências estéticas que identificava como próximas da “religiosidade sem ritos e mitos”.

ARTES INDÍGENAS NO MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO

Ilana Seltzer Goldstein e Vitória Oliveira Machado

Esse artigo explora a inserção e exibição das artes indígenas no Museu de Arte de São Paulo (MASP), com foco na última década. Com a reabilitação dos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi em 2015, e a inclusão de segmentos antes marginalizados, o MASP consolidou seu compromisso com a diversidade cultural, especialmente em suas exposições temáticas. O museu passou a convidar artistas, intelectuais e curadores indígenas para participar de seminários e exposições. O texto analisa mostras como “Histórias Indígenas” (2023), reunindo obras de vários países sob curadoria indígena, e discute como trabalhos indígenas são exibidos na mostra de longa duração do MASP, junto a pinturas renascentistas e modernistas. Resultados preliminares apontam a necessidade de revisão e ampliação dos modos de participação de artistas e pensadores não-hegemônicos nas decisões do museu.

ADRIANA VAREJÃO, ERNESTO NETO E A ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA. ANOTAÇÕES INCOMPLETAS

Glaucia Villas Bôas

Neste artigo, comparo as obras e os discursos de Adriana Varejão e Ernesto Neto, brasileiros pertencentes a uma bem sucedida geração de artistas da arte contemporânea. Indago pelas noções de passado, presente e futuro que se inscrevem nos seus trabalhos e como a temporalidade singular de suas obras se associa ao teor da missão que atribuem à arte. Minha hipótese é de que na passagem da arte moderna para a arte contemporânea, descartou-se a prerrogativa de a arte imaginar/fantasiar um só futuro, porém, manteve-se a pretensão de aproximá-la do espectador. A política de aproximação da arte, contudo, sofreu tal reviravolta que não se trata mais, tão somente, de despertar os sentimentos do espectador ou torná-lo um ser dotado de sensibilidade, mas, efetivamente, de convidá-lo à participação política.

MULHERES ARTISTAS E ESPAÇO PÚBLICO. POSSIBILIDADES POÉTICAS DE ENFRENTAMENTO DA CIDADE

Fernanda Pequeno

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, 1933), Livia Flores (Rio de Janeiro, 1959) e Lygia Pape (Nova Friburgo, 1927-Rio de Janeiro, 2004) são três mulheres artistas atuantes no Brasil. Oriundas de gerações distintas e com trabalhos diversos, no texto abordamos obras e proposições que confrontam o Rio de Janeiro e também a sua região metropolitana. Tomar o espaço público com seus corpos, os de seus estudantes ou para propor apreensões críticas da cidade é o que une as três artistas aqui elencadas. Circumambulatio, Espaços Imantados, Inserção em retrovisão e Rastreamento do Rio Morto (Passa batido, mas não despercebido) foram realizados entre 1968 e 2010 e abordam o Rio de Janeiro a partir de uma perspetiva poética, mas não purista. Os quatro trabalhos elencados não aludem a uma cidade turística, do cartão-postal, mas apontam uma relação cotidiana com a urbe, conotando enfrentamentos do espaço público da capital carioca em distintos momentos de sua história.

 

Registos de Pesquisa

A DESCONSTRUÇÃO DO OLHAR NA ARTE E NA CULTURA VISUAL. UMA RESENHA DO LIVRO MODOS DE VER

Júlia Almeida de Mello

Resenha do livro Modos de ver (Ways of Seeing), de autoria do crítico de arte britânico John Berger, publicado pela primeira vez em 1972, em decorrência do programa televisivo homônimo da British Broadcasting Corporation. Londres: Penguin Books. A versão mais recente traduzida para o português foi publicada em 18 de janeiro de 2023 pela Fósforo Editora (São Paulo).

 

O CORPO FEMININO NAS NUANCES DO NU E DO DESPIDO. UMA RESENHA DO LIVRO THE FEMALE NUDE: ART, OBSCENITY AND SEXUALITY

Júlia Almeida de Mello

Resenha do livro The female nude: art, obscenity and sexuality. 1 ed. Londres: Routledge, 1992, de autoria da historiadora da arte Lynda Nead.